sexta-feira, 13 de julho de 2012

Autodescoberta


Escrevo afincadamente
Quase que por obrigação,
Não para com os outros
Mas para comigo mesma

É um escape à rotina,
Um exercício mental
Para não deixar cair a imaginação
E não me entregar à estagnação

Às vezes escrevo em jeito de desabafo,
Outras pela necessidade de criar
Mas em tudo o que faço
Ponho um toque de fantasia

Tem dias mesmo
Que só me apetece inventar
Histórias de amores perdidos
Em tempos esquecidos
Que tocam o coração,
Que apelam à paixão

Porque não há nada melhor
Que um amor inexplicável
Nesta vida guiada pelo destino implacável

Não sou uma romântica nata,
Não sou uma sensível por opção

Gosto de manter a distância,
Preservar a frieza
Para não mostrar o que vai no pensamento

Digam que sou antissocial,
Que não sou verdadeira
E sou uma falsa fenomenal

Falem, inventem, reclamem
Não me importa
Eu apenas não gosto de ser transparente,
De ter os meus truques e trunfos
Para usar a cada batalha que enfrento
Para prevenir desilusões a qualquer momento

Sim, também ser dócil
Também tenho sentimentos,
Apesar de não parecer,

Mas a verdade é que não sente
Não é capaz de escrever,
Não entende poesia
E a poesia é o meu porto de abrigo,
O meu alter-ego,
É onde me perco e (re)encontro

Digam agora que não sinto
Que não tenho verdade
Quando deposito toda a minha alma
Nas palavras que escrevo,
Nos versos que uno,
Nos poemas que crio

Entrego-me desnuda, transparente
Na minha arte
Porque arte, não é arte se não for verdadeira
Mas também não é arte se não for original,

A arte é a junção perfeita e única
Da verdade do sentimento
Com a criatividade do pensamento

Então deixo-a correr-me pela ponta dos dedos
Depois de ter percorrido todo o meu corpo
Neste profundo sono
Que é sentir sem consegui explicar
Porque o sentimento não se explica
Apenas se sente

O sentimento é uma redundância do sentir
É o inexplicável que só pode ser explicado
Nas entrelinhas do coração
Escritas em cada sorriso
Que erradio enquanto escrevo
E transcrevo os sentimentos, as minhas ilusões
Para o papel
Numa tentativa de por em palavras
O que nem sequer consigo explicar,
O que sinto e quero sentir
Para poder continuar a sorrir,
Para poder continuar a escrever
Numa autodescoberta
Que nunca darei como certa

Marisa V

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