quinta-feira, 12 de abril de 2012

Olhar vazio

Varro o quarto com um olhar vazio
Perdido nas memorias,
Nas tristes recordações

Encontro na parede branca ao fundo
O mesmo olhar, o mesmo vazio
Como num espelho do tempo
Que me leva numa viagem temporal
Até à remota tenra idade
Onde tudo era novidade

A novidade passou a normal,
Normalidade banal
No crescimento inevitável
As diferenças hoje são notáveis

Cresci, vivi, aprendi a viver
Já não sou aquela pequena
Que vive na fotografia da parede
Que eu olho sem ligar dia após dia

Dessa pequena bebé
Só sobrou aquele olhar
Vazio, assustado
À procura do desconhecido

Com a experiência do passado vivido
Conheço as regras do jogo, as leis da vida
Responsabilidades que crescem
À medida que o tempo passa,
Que os anos sucedem

Fica a incerteza do destino
Onde as regras mudam sem pedir
Tumultos de vida sem sentido
Com todo um mundo a descobrir

Como a menina da fotografia
Ingénua, indefesa
Choro perante o desconhecido
Num desgosto sofrido

Com um olhar negro assustado
Temo o que o futuro trará
Vivendo na corda bamba
Na incerteza de cair desamparada
No futuro incerto da ambiguidade
Ou de ficar caída no passado certo
Vivendo assombrada na saudade

Marisa V

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